Como o feedback faz a diferença na nossa vida?
- Vitor Maionchi Berardo
- 6 de set. de 2018
- 8 min de leitura
Atualizado: 13 de dez. de 2019
Você já participou de um processo seletivo e recebeu um feedback bem bacana, daqueles que sentimos orgulho de ter participado mesmo que não tenhamos passado? Se sim, saiba que você é uma exceção. Infelizmente a maior parte das empresas ainda não dão feedbacks ideais, principalmente quando os candidatos não passam. Nesses casos de negativas, muitas vezes as pessoas responsáveis pelo processo sequer dão um retorno. Esse artigo serve tanto para as pessoas que trabalham com RH, quanto para as que são, foram e serão candidatos à vagas nas mais distintas empresas.

Tenho 25 anos de idade, de carreira são mais de 7. Nesse tempo, tive oportunidade de participar de inúmeros processos seletivos, em empresas das mais diversas áreas. Claro que as vezes que passei – que foram 14 – sempre recebi feedbacks das empresas, alguns animados, outros mais tímidos. Só que o foco aqui são os processos em que não passei. Os processos em que todos nós não passamos.
Não ser contratado, não passar em uma etapa de determinado processo seletivo pode ser traumatizante, mas também pode nos dar mais experiência para que tenhamos um melhor resultado em uma próxima oportunidade. A negativa de uma empresa pode vir por diversos fatores: Não estar bem preparado para a entrevista, não dominar determinadas habilidades que são necessárias para a função, ansiedade, comportamentos inadequados, entre outras possibilidades.
Feedback quando você já trabalha na empresa

Sempre defendi os feedbacks, seja dentro da empresa na qual trabalho, seja como candidato a determinada vaga. Esse retorno, quando bem feito e recebido de maneira positiva, pode fazer grande diferença nas atitudes profissionais que teremos dali para frente. E se você é a pessoa que dá o feedback, esse retorno poderá acontecer dentro da sua equipe. Um que recebi de uma gestora com a qual trabalhei mais ou menos dois anos atrás:
Ela sentou comigo em uma sala e começou a falar sobre diversos aspectos, eu fui avaliado por cinco lojas diferentes e os resultados foram muito positivos. Depois de me passar a avaliação das lojas, ela olhou para mim e disse que me admirava, tanto como pessoa quanto como profissional e que gostaria que a filha dela, que ainda é uma criança, fosse uma pessoa tão boa e iluminada quanto eu.
É possível ter noção do quanto essas palavras são fortes e de como ela mudou minha vida em poucos minutos de conversa? Sempre fiz o melhor trabalho que consegui nos locais em que trabalhei, mas essa reunião que tivemos e as palavras que ela me disse foram tão sinceras que me fizeram chorar, na frente dela. E não tenho vergonha alguma disso, sou uma pessoa bem emotiva inclusive, as pessoas que trabalham e já trabalharam comigo sabem bem disso, mas isso é assunto que rende um outro artigo à parte.
Passado um tempo e ainda dentro desta mesma empresa da qual recebi o feedback dessa gestora, me tornei supervisor e estava em um cargo de gestão, tinha uma equipe. E quem era minha referência? Ela mesmo, a gestora que me deu um dos melhores, senão o melhor, feedback que já recebi até hoje. E só não coloco o nome dela aqui porque não tenho a permissão, mas se ler essa postagem, sei que saberá que estou falando dela.
É uma experiência bastante pessoal que achei importante trazer aqui. No mundo dos negócios, no mundo corporativo, no mundo profissional, de uma maneira geral, vejo muita gente com medo de demonstrar sentimentos, de se mostrar humano. Talvez isso aconteça por receio de que quando você se mostra humano, você expõe suas fraquezas. E isso pode mesmo acontecer, só que não significa que seja ruim, não quer dizer que você é menos por isso. E uma reunião de feedback, na minha visão, é o melhor momento para mostrar o melhor da sua parte humana, seja como gestor ou como colaborador da equipe, dando ou recebendo o feedback.
E assim como esse exemplo tão positivo, vou dar um exemplo que vivenciei completamente oposto, de uma pessoa que na minha visão leiga, jamais deveria fazer algo do tipo. Eu fui intimado a me calar por ser uma pessoa que dava muitas ideias. O diretor de operações de uma das maiores empresas do Brasil, na qual tive que trabalhar junto porque a empresa em que eu era colaborador foi comprada por essa maior, me deu um “cala a boca”.
Ele me chamou na mesa dele, junto com dois dos meus novos gestores. Eu estava trabalhando com eles fazia menos de dois meses, e eu era a pessoa com maior experiência naquela mesa no quesito do qual nós ali operávamos, intercâmbio. Ele falou em alto tom, para me intimidar, que eu tinha que parar de opinar, que a empresa que eu conhecia não era mais a mesma e que eu deveria me contentar em fazer o meu trabalho, que era operar. Disse que era para eu deixar que ele e os gestores cuidassem da gestão e que eu deveria parar de enviar e-mails pontuando o que poderia ser melhorado. Ele tinha agressividade na voz. Os gestores nada falaram, se calaram. Fui até o banheiro e chorei. Liguei para o RH da empresa que na época se localizava em outro bairro de São Paulo, distante. Avisei a responsável do RH o que tinha acontecido e falei que iria até lá para me demitir.
Péssimo feedback, não? Naquele dia me despedi apenas da equipe na qual eu trabalhava, não olhei mais nem para o diretor, nem para os gestores que concordavam com a maneira que ele trabalhava. Fui até o local do RH e quiseram saber todos os detalhes, tanto o recursos humanos, quanto uma gestora e uma diretora que já haviam trabalhado comigo. Depois de dois anos e meio de empresa, eu saí em razão de um feedback escroto de uma pessoa que não respeita outras pessoas, que acha que pode tratá-las como robôs, e isso é algo que não se encaixa ao meu perfil, aos meus ideais.
Compartilhando com vocês os resultados de uma pessoa que não sabe dar feedback: A minha demissão foi uma dessas consequências, que inclusive acabou mudando minha vida para melhor. Além disso, soube que dois meses após a minha saída, a empresa decidiu tirar das mãos tanto dos gestores quanto desse diretor a parte operacional da empresa, por não estarem conseguindo bons resultados e devolveram a equipe às antigas gestoras, que continuam com a operação até o momento em que escrevo esse artigo. (Não nego que me sinto feliz por isso).
Esse feedback me fez muito mal. Foi difícil pedir demissão e abrir mão de tudo que havia conquistado lá dentro, mas necessário para seguir em frente. Sei que a maior parte das pessoas não teria condições de pedir demissão assim, principalmente por fatores financeiros. Imagine se fosse com você e tivesse que continuar lá até conseguir um emprego melhor... Me coloco muito nessa situação, pratico a empatia sempre que posso. Imagino que realmente seria uma situação insustentável. Por isso é importante que os gestores das empresas saibam realizar o feedback, seja ele positivo ou negativo, de uma maneira educada, respeitosa e que agregue.
Feedback quando você não trabalha na empresa – processo seletivo

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